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História da Camisa Branca Clássica

Conheça a evolução do estilo de uma das peças de roupa mais icônica do nosso guarda-roupa: a camisa branca!

Seguindo com a serie de posts sobre Roupas Básicas – conhecendo as peças essenciais, hoje é dia de conhecer a história e evolução de mais um clássico: a camisa branca. A peça, considerada heroína de décadas, é sinônimo eterno de elegância e sobrevive à tendências como algo que merece investimento.

Enquanto a indústria da moda tenta se mover para um lugar mais sustentável, nunca houve mais razão para investir em peças de roupas clássicas – aquelas que você pode usar estação após estação, de diversas maneiras. E a camisa branca é uma delas!

Para quem ainda não se convenceu de que precisa ter uma camisa branca no guarda-roupa, trago a história e origens desse básico incontestável.

Origens e história da Camisa Branca

O primeiro momento em que alguma iteração da camisa branca ganhou destaque na moda feminina foi no século 18, quando Maria Antonieta vestiu uma blusa de algodão com babados em um retrato de 1783, causando um escândalo na época. O retrato, pintado por Madame Vigée-Lebrun, retratava a realeza com uma roupa de confecção simples, folgada e esvoaçante, quase sem joias.

A decisão da rainha de posar para um retrato (ver imagem acima) com o que era basicamente sua roupa íntima causou alvoroço. Assim como o fato de ela estar usando algodão, um material relativamente barato em comparação com as mais finas sedas consideradas mais adequadas para uma nobre como ela.

Muitos historiadores falam sobre enorme impacto que esse retrato de Maria Antonieta teve na indústria têxtil, incentivando o crescimento do negócio do algodão e, portanto, da instituição da escravidão. Isso pode parecer um pouco extremo, mas a presença significativa desta rainha no cenário mundial deu a ela uma grande influência; sua escolha de usar uma blusa de algodão branco alguns séculos atrás certamente contribuiu para que a camisa branca se tornasse uma peça dominante em nossos guarda-roupas de hoje. 

Mas esse momento aparentemente frívolo da moda levou a consequências catastróficas. Maria Antonieta e seus colegas criadores de tendências da moda acabaram por tornar o algodão desejável, mas ao mesmo tempo, para que ele se tornasse acessível, foi necessário o crescimento do trabalho escravo para atender a demanda crescente. Ao longo do século seguinte, o impacto do ato da então rainha na produção do algodão foi considerável e basicamente transformou a indústria manufatureira.

No final do século 19, a camisa era considerada uma roupa de baixo, uma peça íntima que ficava escondida. Tinha mangas compridas, era volumosa e sem forma, e nunca devia ser usada sem jaqueta ou colete – especialmente se fosse um homem quando na companhia de mulheres. Por esse motivo, o corte ajustado como o que temos hoje não foi necessário.

As camisas eram muito folgadas e não tinham colarinho e abertura frontal. A primeira camisa social com abertura de botão foi inventada e registrada pela Brown Davis & Co. em 1871.

Em 1800, a camisa branca era considerada o ‘epítome da elegância’. Em geral, considerava-se que os ricos eram o único grupo social que tinha condições de comprar uma camisa branca, que precisava ser lavada e passada diariamente.

Mas a camisa branca como conhecemos ainda era usada apenas pelos homens até o século 20, onde durante décadas foi associada como um símbolo do cavalheiro rico – aquele que não fazia trabalhos manuais (onde a camisa ficava suja) e que tinha dinheiro para lavar as suas roupas com frequência.

Na década de 20, no entanto, designers como Coco Chanel romperam os limites de gênero e classe com uma abordagem mais descontraída e contemporânea da moda feminina – em alguns casos trocando saias por calças e espartilhos pela camisa masculina – o que ajudou a trazer a camisa branca para o reino da moda feminina.

O cinema e a elevação da camisa branca como must have

Nos anos 40, a camisa branca ficou famosa por fazer parte do figurino de estrelas de Hollywood, desde Audrey Hepburn, que a usou em Roman Holiday e Bonequinha de Luxo, até Lauren Bacall, em Key Largo. Também fazia parte do guarda-roupa de várias mulheres influentes, incluindo Katharine Hepburn, Ava Gardner e Marlene Dietrich, que colocaram a peça no centro das atenções.

Já na década de 80, dois momentos icônicos dessa “peça básica” porém cheia de glamour: Prince vestiu sua camisa branca, combinada com jaquetas com babados, tornando-o instantaneamente um ícone da moda. Além de Kim Basinger, que usou a peça com muito estilo em 9 semanas e meia de amor. Já nos anos 90, Julia Roberts em uma camisa branca masculina é uma imagem icônica de Pretty Woman, assim como Uma Thurman de camisa abotoada com calças pretas sob medida em Pulp Fiction.

Na galeria acima, muitos outros momentos icônicos do cinema e da vida real, onde famosos investiram na peça básica e que ajudaram a tornar ela um clássico. Mas a minha aparição preferida da peça ainda é de Sharon Stone no Oscar de 1998, onde ela combinou uma saia de cor lavanda de Vera Wang com uma camisa branca impecável (que era do seu então marido, by the way).

Características principais da camisa branca

Durante essas décadas, a camisa branca – apesar de inicialmente ser uma peça característica da moda masculina – tendeu a ser muito mais associada as mulheres. A camisa feminina costumava ser usada ajustada com um cinto, nunca era abotoada até o topo, sempre dentro de uma saia, estilizada com um lenço de seda amarrado no pescoço.

No Dicionário Ilustrado de Moda de A a Z, a camisa consta como “veste para a parte superior do corpo, que pode ter mangas curtas ou compridas, em geral com colarinho e punho abotoada na frente. No princípio era roupa de baixo sem colarinho. Algumas tem caudas que são colocadas para dentro da calça ou saia, e muitas apresentam um ou dois bolsos no peito.”

Camisa branca como item fashion

Nas passarelas, a presença da camisa branca foi particularmente significativa nos anos oitenta e noventa, onde o minimalismo despojado reinou nas coleções de Calvin Klein e DKNY. Mais tarde se tornou uma peça-chave para marcas como Celine e Jil Sander, para também dominar na década seguinte.

A camisa branca ainda era uma atração importante mesmo fora das passarelas e longe dos filmes também; ícones como Carolyn Basette Kennedy fizeram da peça básica parte de seu uniforme. Sua capacidade de dominar como um item obrigatório década após década é a prova de que provavelmente nunca sairá de moda, mas o que exatamente torna ela um clássico tão especial e duradouro?

“Nunca ficaremos entediados com uma camisa branca clássica, pois ela pode ser estilizada de muitas maneiras diferentes”, disse em entrevista Heather Gramston, diretora de compras de roupas femininas da Browns. “Funciona muito bem com um smoking, um par de jeans, uma saia, um par de shorts – e você pode até usar uma camisa branca grande sozinha para um dia de preguiça em casa.”

A camisa branca é um ícone atemporal no guarda-roupa, é versátil e tem infinitas opções de estilo, o que significa que pode ser usada o ano todo, temporada após temporada. Você pode colocar uma camisa personalizada e bem definida e instantaneamente ter uma aparência polida e montada, ou você pode optar por um estilo reconstruído com detalhes mais incomuns, mas a silhueta refinada da camisa permanece a mesma, pois nunca sairá de moda.

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Fotos: arquivo pessoal e Pinterest

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